Cidade do Vaticano
– “Hoje gostaria de falar sobre o ensinamento que São Paulo nos deixou sobre a centralidade de Cristo ressuscitado no mistério da salvação, sobre a sua cristologia... Cristo é para o Apóstolo o critério de avaliação dos eventos e das coisas, o fim de todo esforço que ele realiza para anunciar o Evangelho, a grande paixão que sustenta seus passos pelos caminhos do mundo. Trata-se de um Cristo vivo, convreto”. Diante dos peregrinos reunidos na Praça São Pedro para a audiência geral de quarta-feira, dia 22 de outubro, o Papa retomou o ciclo de catequeses sobre São Paulo, destacando a centralidade da divindade de Cristo, crucificado e ressuscitado, em seus ensinamentos.Paulo, explica o Papa, centrava seu ensinamento às comunidades “no anúncio de Jesus Cristo como Senhor, vivo agora e presente no meio dos seus”, até o ponto de que “Jesus Cristo ressuscitado, exaltado sobre todo nome, está no centro de todas as suas reflexões”, ressaltou o Papa. Eis então a essencial característica da cristologia paulina, que desenvolve as profundidades do mistério com uma preocupação constante e precisa: anunciar, certamente, Jesus, seu ensinamento, mas anunciar sobretudo a realidade central de sua morte e ressurreição”, disse ainda o Pontífice. “Esta experiência de Cristo vivo, que Paulo experimentou no caminho de Damasco, é a que ele tenta transmitir”, explicou o Papa. Este Cristo é “essa uma pessoa que me ama, com a qual posso falar, que me escuta e me responde, este é realmente o princípio para entender o mundo e para encontrar o caminho na história”. A cristologia paulina aponta para a divindade de Cristo, a quem identifica com a Sabedoria do Antigo Testamento. Efetivamente, explica o Papa, os livros sapienciais mostram uma Sabedoria que existia antes da criação, e que desceu para estabelecer-se entre os homens, como se recorda no prólogo do evangelho de João. “Podemos ver nos livros do Antigo Testamento que este abaixamento da Sabedoria, a sua encarnação, refere-se sobretudo a esta perspectiva sapiencial: reconhece em Jesus a sabedoria eterna existente desde sempre, a sabedoria que entra no mundo e faz uma morada entre nós” acrescentou o Papa. “Contudo, este reconhecimento da divindade de Cristo não é uma invenção paulina, explicou o Papa, pois um dos textos mais significativos, o hino à humildade de Cristo contido na carta aos Filipenses, é, segundo os exegetas, uma composição precedente". “Este é um dado de grande importância, porque significa que o judeo-cristianismo, antes de São Paulo, acreditava na divindade de Jesus. Em outras palavras, a fé na divindade de Jesus não é um invento helenístico, surgido depois da vida terrena de Jesus”. Enfim, o Papa citou a Primeira Carta a Timóteo como exemplo de “outros lugares da literatura paulina onde os temas da preesistência e da descida do Filho de Deus sobre a terra estão coligadas” e os últimos progressos da cristologia de São Paulo nas cartas aos Colossenses e Efésios. “Na primeira, Cristo é qualificado como ‘primogênito de todas as criaturas’ (1,15-20)”, explicou o Papa, lembra que a palavra ‘primogênito’ significa que “o primeiro entre os filhos, o primeiro entre tantos irmãos e irmãs, desceu para nos atrair a Ele e fazer de nós seus irmãos e irmãs”. Na Carta aos Eféfios se encontra “uma bonita exposição do plano de salvação, quando Paulo afirma que em Cristo, Deus quis recapitular tudo. Cristo é a recapitulação de tudo e nos conduz a Deus. Isso requer um movimento de rebaixamento e de ascenção, convidando-nos a participar de sua humildade, ou seja, ao seu amor ao próximo, para assim participar de sua glorificação, tornado-nos com Ele filhos no Filho”. (S.L.)
Fonte: Agência Fides
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