
Cidade do Vaticano, 10 dez (RV)


Carta aos Romanos onde São Paulo faz uma comparação entre Adão e Cristo, traçando as linhas essenciais da doutrina sobre o "pecado original".O pontífice explicou que se na fé da Igreja amadureceu a consciência do dogma do pecado original, é porque ele está intimamente ligado a outro dogma, que é o da salvação e da liberdade em Cristo. Portanto, nunca devemos tratar o pecado de Adão e da humanidade de modo separado do contexto salvífico, sem compreendê-los no horizonte da justificação em Cristo.Mas os homens de hoje se perguntam: o que é este pecado original? Esta doutrina pode ainda ser sustentada? O pecado original existe ou não?Para responder, disse o papa, devemos distinguir dois aspectos dessa doutrina. O primeiro é o aspecto empírico, ou seja, a realidade concreta, visível. E o outro é o aspecto misterioso, oculto.O dado concreto é que existe uma contradição no nosso ser. De um lado, o homem sabe que deve fazer o bem, mas, ao mesmo tempo, sente o impulso de fazer o mal, de seguir a estrada do egoísmo, da violência. "Esta contradição interior não é uma teoria. Cada um de nós a sente todos os dias. E, sobretudo, vemos prevalecer sempre em torno de nós essa segunda vontade. Basta pensar nas notícias cotidianas sobre as injustiças, a violência e a mentira. Como conseqüência deste poder do mal nas nossas almas, desenvolveu-se na história um rio imundo, que envenena a geografia da história humana. Como dizia o filósofo francês Blaise Pascal, o mal parece que se tornou uma segunda natureza." Todavia, essa contradição deve provocar, e provoca ainda hoje, o desejo de redenção. O mal existe, simplesmente, mas não dentro da natureza humana. A fé nos diz que existem dois mistérios de luz e um mistério de escuridão, e este, por sua vez, está envolvido pelos mistérios de luz.O primeiro mistério de luz é este: a fé nos diz que não existem dois princípios, um bom e outro mal, mas existe um único princípio, o Deus criador, e este princípio é bom, sem sombra de maldade.Assim, o ser não é um misto de bem e de mal, o ser como tal é bom. Este é o anúncio da fé: existe uma única fonte boa, o Criador. Por isso, viver é um bem, assim como ser homem, como ser mulher. A vida é um bem.Depois, há o mistério da escuridão, da noite. O mal não vem da mesma fonte do ser. O mal vem de uma liberdade criada, de uma liberdade abusada."Como isso aconteceu permanece um mistério. O mal não tem lógica, não é possível explicá-lo. Somente Deus e o bem são lógicos, são luz." Mas a este mistério da escuridão, acrescenta-se imediatamente outro mistério: Deus, com a sua luz, é mais forte. E por isso, o mal pode ser superado. Assim, a criatura, o homem, pode ser sanado, não somente na teoria, mas nos fatos. Deus introduziu a cura, Ele entrou pessoalmente na história. Cristo crucificado e ressuscitado, novo Adão, opõe ao rio imundo do mal um rio de luz. E este rio está presente na história: vemos os santos, os grandes santos, mas os santos humildes, os simples fiéis.Este é o significado do Advento: Cristo é o novo Adão, e está conosco e no meio de nós. Sua luz já resplende e devemos abrir os olhos do coração para vê-la. (BF)

Em sua catequese semanal, Bento XVI continuou a falar sobre São Paulo Apóstolo, por ocasião do Ano Paulino. Na última Audiência Geral, o Papa havia aprofundado o tema da “absoluta gratuidade da salvação”. Hoje, se concentrou mais sobre as conseqüências que brotam da justificação pela fé e da ação do Espírito Santo na vida do cristão.Com efeito, disse o Pontífice, não é casual que Paulo, em sua Carta aos Gálatas, - na qual acentua a gratuidade da justificação -, ressalte também a relação existente entre a fé e as obras.Os frutos do Espírito, segundo o Apóstolo, são: “amor, alegria, paz, compreensão, serviço, bondade, lealdade, amabilidade, domínio de si”. Nesta lista, o primeiro grande dom é o ágape ou o amor. É o Espírito que nos leva a um amor total a Cristo e a não viver mais para nós mesmos, mas por aquele “que morreu e ressuscitou por nós”.Assim, concluiu o Santo Padre, a centralidade da justificação sem as obras não entra em contradição com a fé atuante no amor. Ao invés, as conseqüências de uma fé que não se encarna no amor são desastrosas, porque tudo se reduz ao puro arbítrio e ao subjetivismo mais nocivo.Por isso, São Paulo coloca, muitas vezes, as comunidades cristãs diante do “juízo final”, quando receberemos a recompensa por nossas obras”. (MT/BF)
que marcou as controvérsias do século da Reforma: a doutrina da justificação, isto é, como o homem se torna justo aos olhos de Deus. Na Carta aos Filipenses, depois da Conversão, São Paulo nos dá um testemunho importante da passagem de uma justiça fundada na lei, a uma justiça baseada na fé em Cristo: "Ele compreendeu que, o que até então lhe parecia um lucro, na realidade, diante de Deus, era uma perda e, assim, decidiu investir toda a sua existência em Jesus Cristo. A relação entre Paulo e o Ressuscitado se tornou tão profunda, que o induziu a considerar Cristo não somente a sua vida, mas o seu viver. O Ressuscitado se tornou o início e o fim da sua existência, o motivo e a meta do seu caminho."Se antes de seu encontro com o Ressuscitado, Paulo se sentia um homem realizado, "irrepreensível quanto à justiça que deriva da lei", a iluminação no caminho de Damasco mudou radicalmente sua existência: "Devido justamente a essa experiência pessoal com Jesus Cristo, Paulo colocou no centro do seu Evangelho, a irredutível oposição entre dois percursos alternativos em direção à justiça _ um construído sobre as normas da lei, e o outro, fundado na graça da fé em Cristo."Para São Paulo, como para todas as pessoas da época, a palavra "lei" significava a Tora na sua totalidade, ou seja, os cinco livros de Moisés. A Tora implicava um conjunto de comportamentos que incluía um núcleo ético e o respeito por normas rituais e culturais que determinavam a identidade do homem justo. Todo esse conjunto de normas se tornou especialmente importante na época da cultura helênica, começando a partir do III século a.C., porque a cultura dominante se sentia ameaçada.Contra essa cultura, aparentemente racional, se buscava alçar um escudo, um muro de defesa. O próprio Paulo perseguia os cristãos, porque via neles uma ameaça à identidade de Israel. Porém, tudo muda com a Ressurreição de Cristo: "Com Cristo, o Deus de Israel, o único verdadeiro Deus, se torna o Deus de todos os povos. O muro entre Israel e os pagãos não era mais necessário: Cristo nos protege contra o politeísmo e contra todos os seus desvios; Cristo nos une "com" e "no" único Deus; Cristo garante a nossa verdadeira identidade na diversidade das culturas."O encontro com Cristo relativiza os preceitos da lei, pois "ser justo quer dizer simplesmente estar com Cristo e em Cristo. E isso basta" _ disse o papa.Todavia _ explicou Bento XVI _ estar livre do respeito às leis rituais e culturais não significa libertinagem, não implica estar livre das regras da moral. "É óbvio que esta interpretação está errada: a liberdade cristã, a libertação da qual fala São Paulo, não é isenção de fazer o bem."Bento XVI não deixou de citar a interpretação de Lutero, do trecho da Carta aos Romanos, para quem o cristão se salva unicamente pela fé, e não pelas obras que realiza. Essa leitura _ explicou o papa _ é verdadeira, se não coloca a fé em contraposição à caridade, ao amor. "A fé é entregar-se a Cristo, acreditar em Cristo, conformar-se a Cristo, à sua vida. Crer é conformar-se a Cristo e entrar no seu amor. Por isso, Paulo fala da fé que atua por meio da caridade. Nós nos tornamos justos, entrando em comunhão com Cristo, que é amor. Tu me visitaste, quando estive doente? Na prisão? Tu me deste de comer, quando tive fome? Tu me deste de vestir, quando eu estava despido? E assim a justiça se decide na caridade.""Concluindo _ disse o papa _ podemos apenas pedir a Deus que nos ajude a crer. Crer realmente; crer se torna, assim, vida, unidade com Cristo, transformação da nossa vida. E, assim, transformados por seu amor, pelo amor a Deus e ao próximo, podemos ser realmente justos, aos olhos de Deus."
de seu ensinamento. Ao encontrar-se com o Ressuscitado no caminho de Damasco, o Apóstolo, que era um fervoroso cumpridor da Lei mosaica, compreendeu que aquilo que considerava como ganância era uma perda diante de Deus. Aquele encontro o fez entender que graças à fé em Cristo, e não por nosso mérito, nos tornamos justos diante de Deus. Naquele momento, Paulo descobriu uma nova justiça, oferecida gratuitamente e baseada na fé em Cristo morto e ressuscitado. O Cristo se tornou o princípio e a finalidade de sua existência, e Paulo queria compartilhar a sua experiência com os apóstolos. São Paulo afirma que a Lei culminou em Cristo, e tem sua máxima expressão no mandamento do amor. Assim, o Salvador do mundo é apenas um, o que relativiza tudo, inclusive a Lei. (CM)
- O arcebispo de Mérida, Dom Baltazar Porras Cardozo, destacou a importância do Ano Paulino e indicou que ele é "não apenas uma ocasião para conhecer o legado do Apóstolo dos Gentios, mas também para aproximar-se mais da Palavra de Deus, a Bíblia".
Cidade do Vaticano
– A “decisiva importância” atribuída por Paulo à ressurreição de Cristo foi o assunto da catequese realizada pelo Santo Padre Bento XVI durante a audiência geral de quarta-feira, 5 de novembro. “Somente a Cruz não poderia explicar a fé cristã, seria até uma tragédia –explicou o
Santo Padre -. O mistério pascal consiste no fato de que o Crucifixo ‘ressuscitou no terceiro dia de acordo com as Escrituras’ (1 Cor 15,4), assim atesta a tradição protocristã. Aqui está a chave mestra da cristologia paulina: tudo gira em torno desse centro gravitacional. Todo o ensinamento do Apóstolo Paulo parte ‘de’ e chega sempre ‘no’ mistério d’Aquele que o Pai ressuscitou da morte. A ressurreição é um dado fundamental… Aquele que foi crucificado e que, assim, manifestou o imenso amor de Deus pelo homem, ressuscitou e está vivo no meio de nós”.Assim, o Santo Padre destacou a ligação entre o anúncio da ressurreição formulado por Paulo e o que era feito nas primeiras comunidades cristãs pré-paulinas onde se vê a importância da tradição que precede o Apóstolo e que ele, com grande respeito e atenção, quer, por sua vez, entregar”. São Paulo, na Carta aos Corintios ressalta “a unidade do kerigma, do anúncio a todos os fiéis e a todos aqueles que anunciam a ressurreição de Cristo… A originalidade da sua cristologia não vai nunca contra a fidelidade à tradição. O kerigma dos Apóstolos prevalece sempre sobre a reelaboração pessoal de Paulo… E assim, São Paulo oferece um modelo para todas as épocas sobre como fazer teologia e como pregar. O teólogo, o pregador não cria novas visões do mundo e da vida, mas está a serviço da verdade transmitida, a serviço do fato real de Cristo, da Cruz, da ressurreição”. Nessa altura, Papa Bento XVI quis ressaltar que “São Paulo, ao anunciar a ressurreição, não se preocupa em apresentar uma exposição doutrinal orgânica – não quis um quase manual de teologia – mas sim, aborda o tema respondendo a dúvidas e perguntas concretas que lhe eram trazidas pelos fiéis”. O conceito essencial destacado por Paulo é que nós todos fomos salvos pelo Cristo morto e ressuscitado por nós, sem a ressurreição, “a vida cristã seria simplesmente absurda”. O evento da manhã de Páscoa foi algo “de extraordinário, de novo e, ao mesmo tempo, de muito concreto, marcado por sinais bem específicos, registrados por várias testemunhas. Também por Paulo, como por outros autores do Novo Testamento, a ressurreição está ligada ao testemunho de quem teve uma experiência direta com o Ressuscitado. Trata-se de ver e sentir não somente com os olhos ou com os sentidos, mas também com uma luz interior que leva a reconhecer o que os sentidos externos atestam como dado objetivo”. Também o tema das aparições têm para Paulo uma relevância fundamental, uma vez que os dois fatos importantes são o túmulo vazio e Jesus que realmente apareceu. “Trata-se, assim– explicou o Papa – da cadeia da tradição que, por meio do testemunho dos A primeira conseqüência, ou o primeiro modo de manifestar este testemunho, é pregar a ressurreição de Cristo como síntese do anúncio evangélico e como ponto culminante de um itinerário salvífico”. Tanto nas Cartas quanto nos Atos dos Apóstolos, vê-se que o ponto essencial para Paulo é ser testemunha da ressurreição. De resto, a afirmação "Cristo ressuscitou" é para Paulo e também para nós, hoje, um tema determinante. “Paulo sabe bem e diz isso muitas vezes que Jesus era Filho de Deus sempre, desde o momento da sua encarnação. A novidade da ressurreição consiste no fato de que Jesus, elevado á humildade da sua existência terrena, foi feito Filho de Deus ‘com poder’. O Jesus humilhado até a morte na cruz pode agora dizer aos Onze: ‘Foi dado a mim todo o poder no céu e na terra’ (Mt 28, 18)… Por isso, com a ressurreição começa o anúncio do Evangelho de Cristo a todos os povos, começa o Reino de Cristo, este novo Reino que não conhece outro poder do que o poder da verdade e do amor. A ressurreição revela, assim, definitivamente, qual é a autêntica identidade e o extraordinário tamanho do Crucifixo. Uma dignidade incomparável e elevadíssima: Jesus é Deus!... Pode-se dizer, portanto, que Jesus ressuscitou para ser o Senhor dos mortos e dos vivos ou, em outros termos, o nosso Salvador”.Tudo isso, traz importantes conseqüências para a nossa vida de fé, conforme destacou o Papa: “nós somos chamados a participar no íntimo do nosso ser em todos os episódios da morte e da ressurreição de Cristo… Isso se traduz numa partilha dos sofrimentos de Cristo, que antecede a plena configuração com Ele, por meio da ressurreição que vemos na esperança. É o que aconteceu também a São Paulo… Viver na fé em Jesus Cristo, viver a verdade e o amor implica renunciar todos os dias, implica sofrimentos. O cristianismo não é o caminho da comodidade, é mais uma escalada exigente, iluminada, porém, pela luz de Cristo e pela grande esperança que nasce d’Ele”.O Santo Padre concluiu a catequese com estas palavras: “podemos dizer com Paulo que o verdadeiro fiel obtém a salvação professando com a sua boca que Jesus é o Senhor e acreditando com o seu coração que Deus ressuscitou-o dos mortos. Importante é, acima de tudo, o coração que crê em Cristo e na fé no Ressuscitado; mas não basta levar no coração a fé, devemos confessá-la e testemunhá-la com a boca, com a nossa vida, tornando, assim, presente a verdade da cruz e da ressurreição na nossa história”. (S.L.)
Fonte: Agência Fides
Czestochowa - Polônia
A Rádio Vaticano perguntou ao arcipreste da Basílica de São Paulo "Fora dos Muros", Cardeal Andrea Cordero Lanza di Montezemolo, como nasceu a idéia desses encontros...


Na catequese da quarta-feira passada, falei da relação de Paulo com o Jesus pré-pascal em sua vida terrena. A questão era: o que Paulo sabia sobre a vida de Jesus, suas palavras e sua paixão? Hoje quero falar do ensinamento de São Paulo sobre a Igreja. Devemos começar pela constatação de que esta palavra, «Igreja», como «Église» em francês ou «Chiesa» em italiano, está tomada do grego «ekklēsía». Procede do Antigo Testamento e significa a assembléia do povo de Israel, convocada por Deus, e particularmente a assembléia exemplar aos pés do Sinai. Com esta palavra agora se alude à nova comunidade dos crentes em Cristo que se sentem assembléia de Deus, a nova convocatória de todos os povos por parte de Deus e diante d’Ele. O vocábulo ekklēsía aparece só nos escritos de Paulo, que é o primeiro autor de um escrito cristão. Isso acontece no incipit da 1ª Carta aos Tessalonicenses, (cf. depois também à «Igreja dos Laodicenses», em Col 4, 16). Em outras cartas, ele fala da Igreja de Deus que está em Corinto (1 Cor 1, 2; 2 Cor 1, 1) e na Galícia (Gl 1,2 etc.) – Igrejas particulares, portanto – mas diz também ter perseguido «a Igreja de Deus», não uma determinada comunidade local, mas «a Igreja de Deus». Assim, vemos que a palavra «Igreja» tem um significado pluridimensional: indica, por um lado, as assembléias de Deus em determinados lugares (uma cidade, um país, uma casa), mas também toda a Igreja em seu conjunto. E assim vemos que «a Igreja de Deus» não é só a soma das distintas Igrejas locais, mas estas são, por sua vez, a realização da única Igreja de Deus. Todas juntas são a «Igreja de Deus», que precede cada Igreja local e que se expressa e realiza nelas.

projeto de Deus, vivido por Jesus, o Filho de Deus», explica o assessor de liturgia da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil).



A conversão de Paulo foi o tema central da catequese desta Quarta-feira (03/09/2008 ), no Vaticano.
Até agora – disse o Santo Padre – algumas pessoas foram assassinadas e outras ficaram feridas. Ao mesmo tempo foram destruídos centros de culto, propriedades da Igreja e habitações privadas.“Enquanto condeno com firmeza todo tipo de ataque à vida humana, cuja sacralidade exige o respeito de todos, - disse o Papa - exprimo espiritual proximidade e solidariedade aos irmãos e às irmãs na fé tão duramente provados.