AUDIÊNCIA GERAL: BENTO XVI INICIA CICLO DE CATEQUESES DEDICADAS A SÃO PAULO.


Uma figura, acrescentou, da qual os cristãos do nosso tempo ainda têm muito a aprender.
A audiência geral desta manhã foi a última antes de um período de repouso de verão europeu, que será interrompido por ocasião do Dia Mundial da Juventude de Sydney.
E no final desta tarde, às 18h locais, o pontífice deixou a residência apostólica vaticana transferindo-se de helicóptero para a residência pontifícia de verão de Castel Gandolfo.
Mas voltemos à catequese desta manhã.
É justo reservar um lugar particular a São Paulo, não somente na veneração, “mas também no esforço de compreender aquilo que tem a dizer também a nós, cristãos de hoje”: foi a exortação dirigida por Bento XVI aos fiéis em sua primeira catequese dedicada ao Apóstolo dos Gentios: “O apóstolo Paulo, figura excelsa e quase inimitável, mas sempre estimuladora, está diante de nós como exemplo de total dedicação ao Senhor e à sua Igreja, bem como de grande abertura à humanidade e às suas culturas.”
Por outro lado, observou, “não é possível compreender adequadamente São Paulo sem colocá-lo no contexto tanto judaico quanto pagão de seu tempo”. Por isso, o pontífice quis iniciar esse ciclo de catequeses sobre São Paulo detendo-se justamente sobre o ambiente no qual o Apóstolo viveu e atuou.
Um contexto sociocultural de dois mil anos atrás, ressaltou o papa, que sob vários aspectos não difere do de hoje. Em tal âmbito, disse, um fator primário a ser considerado é a relação entre o ambiente no qual Paulo nasceu e o contexto no qual sucessivamente se inseriu.São Paulo, recordou o pontífice, vem de uma cultura bem precisa, a cultura do povo de Israel.
Os judeus, explicou, representavam então cerca de 10% da população total do império romano: “Seus credos e o seu estilo de vida, como se dá ainda hoje, os distinguiam nitidamente do ambiente circunstante; e isso podia ter dois resultados: ou a zombaria, que podia levar à intolerância, ou a admiração, que se expressava em várias formas de simpatia como no caso dos temerosos de Deus ou dos prosélitos.
”Havia quem, como Cícero, desprezava os judeus, e quem, ao invés, como Júlio César, lhes havia reconhecido direitos particulares.
Portanto, também Paulo é objeto de uma “dupla, contrastante avaliação”. Todavia, ressaltou, o particularismo da religião judaica encontrava tranqüilamente lugar dentro do império romano: “Será mais difícil e sofrida a posição do grupo daqueles, judeus e gentios, que aderiram com fé à pessoa de Jesus de Nazaré, na medida em que eles se distinguiam tanto do judaísmo quanto do paganismo imperante.”
Em todo caso, acrescentou, o empenho de Paulo foi favorecido por dois fatores: a cultura grega, ou melhor, helenista, e a estrutura político-administrativa do império romano que garantia paz e estabilidade da Britânia ao Egito.
A visão universalista típica da personalidade de São Paulo, prosseguiu, “deve certamente o seu impulso de base à fé em Jesus Cristo, na medida em que a figura do Ressuscitado se coloca acima de toda e qualquer limitação particularista”.
Todavia, observou Bento XVI, também a situação cultural e ambiental de seu tempo não pode deixar de ter tido uma influência em suas escolhas: “Há quem tenha definido Paulo como ‘homem de três culturas’, considerando a sua matriz judaica, a sua língua grega, e a sua prerrogativa de ‘civis romanus’ (cidadão romano, ndr), como atesta também o nome de origem latina.”Deve-se fazer uma menção particular à filosofia estóica que influenciou, embora de modo marginal, também o cristianismo, disse o papa. E citou alguns filósofos como Zenon e Sêneca nos quais se encontram “valores altíssimos de humanidade e sabedoria” acolhidos pelo cristianismo: “Basta pensar, por exemplo, na doutrina do universo entendido como um único grande corpo harmonioso, e conseqüentemente na doutrina da igualdade entre todos os homens sem distinções sociais, na equiparação ao menos em princípio entre o homem e a mulher, e depois no ideal da moderação, da justa medida e do domínio de si para evitar todo excesso.”
No momento das saudações em várias línguas, que se dá após a catequese da audiência geral, o pontífice encorajou os jovens a serem “pedras vivas” da Igreja vivendo o Evangelho com generosidade e responsabilidade.
Saudando os presentes de língua portuguesa, eis o que disse o Santo Padre: “Amados peregrinos vindos do Brasil e todos os presentes de língua portuguesa, de coração vos saúdo com votos de que esta vossa paragem junto do túmulo dos Príncipes dos Apóstolos, Pedro e Paulo, revigore os laços cristãos que fazem de todos nós a mesma e única Igreja espalhada até aos confins do mundo.
Que o amor de Deus reine nos vossos corações… e a terra será nova. As maiores felicidades para cada um de vós e vossos queridos, com a Bênção que vos dou em nome do Senhor.”
Fonte: RV
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